Bom dia.
Bom dia. Nós estamos aqui com o doutor Alexandre Amato,
cirurgião vascular especialista em lipedema, nesse momento 8 e 30. Tudo bem, doutor? Bom dia.
Tudo bem, bom dia.
Muito obrigado pelo convite. Obrigado, senhor. Com tanta agenda aí, tão difícil, tão requisitado, difícil conseguir o senhor. Fiquei muito feliz pelo senhor ter aceitado, viu? Obrigada. Que bom, bom.
Doutor, como tá o tempo aí em São Paulo? Tá frio?
Chovendo? Pois é, de ontem pra hoje esfriou bastante.
É uma mudança meio louca, mas vamos aproveitando. Choveu um pouquinho também, então isso é bom. É, nós estamos a semana inteira aqui. É chuva e sol. Chuva e sol. Eles estão alternando aqui as de saúde, né?
Pois é, pois é.
Doutor, vamos falar um pouquinho sobre lipedema?
Nós temos uma colega aqui que sempre está na rádio, inclusive faz parte da nossa bancada, mas hoje ela não pôde estar, que é a Juliana Pizzi. Ela assistiu uma entrevista do senhor falando sobre lipedema e desde então ela tem falado, Raquel, precisamos conversar sobre esse assunto, isso é muito importante.
E nós conseguimos uma boa agenda com o senhor.
Nós poderíamos falar sobre lipedema nessa manhã?
Com o maior prazer, é um assunto que eu adoro, se deixar eu fico falando não só amanhã, mas a tarde toda também.
Doutor, o que é o lipedema?
O lipedema é uma deposição de gordura em membros, pode ser membro inferior,
membro superior,
mas normalmente,
mais frequentemente membro inferior.
Mas é uma gordura que inflama muito fácil, é uma gordura que vai trazer vários outros sintomas, como uma sensação de inchaço,
vai trazer um ruxo nas pernas que aparecem sem grandes explicações,
a pessoa acha que bateu, mas não consegue lembrar de um trauma, nada disso.
Traz também uma sensibilidade ao toque, são pessoas que têm uma sensibilidade maior, um pequeno esbarrão pode parecer,
vem uma dor muito mais forte.
Tudo isso é associado com uma característica hereditária, ou seja, normalmente na família,
outras mulheres vão apresentar também essa característica.
Normalmente ocorre em mulheres, até pode acontecer em homens, mas é muito mais frequente em mulheres.
E há uma separação do corpo, o corpo superior ele é desproporcional ao corpo inferior,
então são pessoas que usam um número para a parte superior do corpo e um número completamente diferente para as pernas, por exemplo. Então tem essa dissociação entre a parte superior e a parte inferior do corpo.
Doutor, bom dia.
Muitas vezes se diz que essa doença,
acaba sendo até um pouco difícil de ser diagnosticada, por muitas pessoas, às vezes, não conhecerem. Como pode ser diagnosticada? Como ela é diagnosticada?
Bom, essa pergunta pode parecer simples, mas dá para elaborar uma resposta bem complicada em cima disso. Assim,
da forma simples é o seguinte, é anamnese e exame físico. O que é isso? É uma conversa com o médico e o exame.
Simples assim.
Só que tem um grande problema por trás disso. Ela é uma doença que, apesar de ter sido descrita em 1940,
nunca se descobriu um marcador laboratorial. O que quer dizer isso?
Não tem nenhum exame de laboratório que a gente faça e tira um pouquinho de sangue e que venha lipedema positivo.
Então, por causa disso,
ela foi meio que deixando de lado,
as pessoas começaram a desacreditar na existência
dela e ela acabou que não entrou no currículo básico da medicina. Então,
ela não é ensinada de rotina nas universidades. Eu sou professor universitário, eu faço questão de ensinar para os meus alunos, mas, normalmente,
isso não é ensinado para os médicos. Então,
cabe àqueles que tiveram interesse em se aprofundar nesse assunto depois de uma formação.
Então, isso dificulta um pouquinho o diagnóstico. Apesar disso,
existem já questionários validados para avaliar o risco de probabilidade de ter um lipedema. Então, respondendo algumas perguntas, a gente consegue ter essa percepção do pique,
da quantidade de risco.
O interessante é que, dentre esses questionários, a pergunta que mais é relevante é uma pergunta meio subjetiva.
É assim, você acredita que tem alguma coisa errada nas suas pernas e você não sabe o que?
Se você responde sim para isso, você já aumenta bastante a pontuação na probabilidade de ter lipedema. Não quer dizer que tenha, é simplesmente uma avaliação de risco, de probabilidade.
Sim, como se fosse um mistério das pernas ali, né?
É um mistério das pernas, com certeza.
assim,
exatamente pelo fato de não ter sido muito divulgada, mesmo dentro do meio médico, muitas vezes são pacientes que passam de médico em médico, ficam pulando de consultório em consultório com as mesmas queixas.
Muitas vezes encontram um ou outro probleminha para resolver. Então, por exemplo, é muito frequente um paciente com lipedema ter varízes. Ah,
porque lipedema causa varízes? Não, porque varízes é frequente na população em geral mesmo.
Então, aí a pessoa encontra lá duas ou três veinhas e coloca toda a culpa daquilo que ela sente, aquela sensação de dor, de peso,
aquela sensibilidade ao toque, ao roxo. Ah, então a culpa são as varízes. Vou lá tratar as varízes. Aí trata as varízes, as varízes desaparecem, fica esteticamente bonita sem as varízes, mas todos os sintomas se mantêm, porque não tem a relação nexo-causal, não eram as varízes que estavam causando aquele sintoma.
E isso é muito importante, porque os sintomas de varízes se confundem muito com os sintomas do lipedema. Então, aquela dor, aquela sensação de peso,
aquele inchaço também pode acontecer por causa de varízes. Então, a gente tem que separar uma coisa da outra. Isso é muito importante. Nossa, interessantíssimo.
E o público-alvo para esse caso do lipedema são as mulheres?
Ah, 99,9% acontece em mulheres.
Eu tenho uma… a minha estatística, ela é meio enviesada do consultório, porque eu trato muito lipedema. Então, acabo recebendo também alguns poucos homens com lipedema, mas essa não é a… o habitual.
O habitual é realmente acontecer em mulheres, porque tem uma influência hormonal muito grande.
Ah, entendi. Doutor, o senhor falou que é comum que essa doença possa ser hereditária, que alguém da família possa ter ou que já tenha tido.
Existe alguma idade específica ou alguma faixa etária onde começam a aparecer esses sintomas?
Sim, sim, existe. A faixa etária é a partir da influência hormonal, ou seja, a partir da puberdade.
Então, assim que a mulher entra… a menina, né, entra na puberdade,
ela passa a sofrer essa influência hormonal e pode acontecer o lipedema. E aí tem os grandes momentos de gatilho do início do lipedema, que são a puberdade, que eu já falei,
uma gestação e a menopausa.
Se a gente parar pra pensar, esses momentos são exatamente quando tem uma grande variação hormonal no corpo da mulher.
Às vezes pra mais, às vezes pra menos, mas na verdade é que tá subindo e descendo o hormônio.
Essa variação normalmente costuma desencadear o início da doença.
Apesar disso, a doença não é necessariamente hormonal. Ela é uma doença que tem todas essas características hereditárias e,
portanto, ela é genética.
A questão é,
todas essas doenças que têm essas características hereditárias e que é muito prevalente na população,
são doenças que são poligênicas, ou seja, não é um gene só que causa o lipedema. São vários genes.
E quando ela é poligênica, é muito mais difícil a gente rastrear qual que é o gene mais importante ou mais frequente nessa doença.
Quando a gente pega uma doença rara, é muito mais fácil, porque a gente pega umas 10 pessoas aí com essa doença, o ideal seria um 30,
aí a gente faz o sequenciamento genético, identifica qual o gene que tá alterado nessas pessoas, pronto,
encontramos o gene.
Agora, se a gente pega uma doença que é poligênica, quer dizer, eu pego 30 pessoas, vai com o lipedema, faço o sequenciamento genético de todas elas, e eu não vou ver o mesmo defeito em todas elas, então eu não consigo rastrear e falar olha, aquele gene ali que é o causador do lipedema, porque não é, pra uma pode ter sido, pra outra pode não ter sido.
Então, o que a gente sabe hoje em dia é que ela tem, sim,
toda característica genética hereditária.
As mulheres, quando descobrem que tem lipedema, normalmente elas contam, entre 60% a 70% das vezes, elas contam de familiares que têm as características do lipedema, então a gente consegue rastrear isso, né?
E sabe-se hoje em dia um ou outro gene que tá envolvido em todo esse processo, mas a gente não tem um mapeamento completo, não.
Bom, então precisa ser um especialista mesmo pra tá trabalhando ali, cuidando da pessoa com lipedema,
porque são várias… Ah, é uma doença muito mais complexa do que pode parecer. É, muito complexa. As pessoas falam, ah, é só gordura nas pernas, é só celulite.
Não, longe disso, porque ela envolve o corpo inteiro,
né? Normalmente é uma inflamação crônica de baixo grau que acaba desencadeando todo esse processo, e essa inflamação crônica de baixo grau pode ocorrer por qualquer situação.
Isso é reação do nosso corpo ao estresse,
ao estresse, que pode ser até estresse, estresse mesmo,
mas uma agressão. Pode ser uma agressão alimentar, pode ser uma agressão de um exercício físico mal feito, de um trauma,
de um medicamento utilizado.
Então,
realmente envolve muita coisa, né?
E no caso, a pessoa que tem lipedema, ela pode fazer exercício físico?
Pode,
deve fazer. A questão é que tem que fazer o exercício adequado ao lipedema.
É muito interessante que exercício físico, ele produz,
assim, eu vou simplificar, mas ele produz dois tipos de substâncias, substâncias anti-inflamatórias e substâncias inflamatórias.
Dependendo da intensidade do exercício, você vai produzir mais substâncias inflamatórias do que anti-inflamatórias, e isso é muito pro lipedema. Então, a gente tem que acertar a intensidade do exercício para que o exercício não piore o lipedema.
Então, a gente vai,
seria um exercício moderado,
um exercício moderado atingiria um nível de anti-inflamação maior do que inflamação.
Basicamente, quando a gente tenta ganhar músculo,
a gente tem que lesar fibras musculares para conseguir ganhar o músculo. E essa lesão,
que é natural, que tem que acontecer para quem está querendo ganhar músculo, ela gera inflamação. Então, a gente tem que tomar muito cuidado com isso.
Isso seria prejudicial para a pessoa que tem o lipedema, no caso?
Sim, sim. Exercício de altíssima intensidade normalmente piora o lipedema, dependendo da fase em que está no lipedema. Se estiver em uma fase já controlada, uma fase onde não tem tanta inflamação, a gente até pode arriscar um pouquinho mais de um exercício com maior intensidade.
Mas, assim,
em linhas gerais, o exercício físico faz parte do tratamento.
O exercício físico é essencial no controle da doença.
Então,
a gente poderia pensar até que a doença é desencadeada por hábitos de vida insalubres, né? Se a gente começa a ajustar os hábitos de vida,
a gente melhora toda a doença.
E o que que a pessoa poderia fazer para melhorar nessa questão?
Dieta, exercício, qual seria um tratamento adequado?
Eu acho assim,
não é o que você perguntou, mas eu vou falar, porque acho que antes de melhorar, tem que diagnosticar,
né?
Eu não vou deixar de responder a sua pergunta. Não, mas fique à vontade, doutora.
Mas é que a gente está falando de uma doença que atinge 12% das mulheres do Brasil, da 12 milhões de mulheres.
E pouquíssimas pessoas falam sobre o assunto.
Imagina quantas estão andando por aí com todas as queixas do lipedema e nem imaginam que tem.
Então, o primeiro é o diagnóstico,
aí depois a gente passa para o tratamento.
E o tratamento é interessante, em primeiro lugar, a gente tem que baixar toda essa inflamação.
Baixar a inflamação vai ser com medicação, vai ser com mudanças de hábito de vida,
tentar rastrear qual que foi o gatilho inflamatório para essa pessoa. Esse gatilho inflamatório muda de pessoa para pessoa, pode ser desde alimentar, pode ser falta de sono, pode ser de
forma que isso deixe de influenciar na inflamação dessa pessoa.
E a partir de então, a gente pode pensar na mudança volumétrica.
O volume da perna também incomoda, não só a inflamação.
Esse volume pode ser reduzido tanto por dieta e exercício direcionado para o lipedema. Normalmente, quando a gente faz a dieta e exercício para a obesidade, não costuma funcionar para o lipedema.
Então, tem que ser direcionado e também a cirurgia. A cirurgia seria a lipoaspiração. A lipoaspiração, a gente retira essa gordura doente das pernas,
de forma que diminui todo esse processo inflamatório e acaba diminuindo também o volume das pernas. Então,
basicamente, a gente tem essas ferramentas para melhorar a qualidade de vida da paciente.
Interessante quando a gente fala sobre dieta, né? Precisa emagrecer e perder as medidas,
o inchaço. Então,
faz uma dieta para emagrecer. Então, a dieta, um exemplo, a dieta da pessoa que precisa emagrecer não seria a mesma dieta de uma pessoa que tem lipedema? Seria diferente ou não?
Então,
veja que eu tenho que falar em linhas gerais aqui, né?
Então, falar genericamente, o que normalmente se costuma passar para emagrecer são dietas hipocalóricas, com uma diminuição de calorias, né?
Essa diminuição de calorias,
se não tiver uma diminuição da inflamação, ela não vai funcionar em quem tem lipedema.
E, normalmente,
a gente tem que rastrear qual foi o alimento que gerou essa inflamação. Então,
existem outras estratégias alimentares que são mais eficazes no tratamento do lipedema do que uma dieta hipocalórica. Então, a dieta hipocalórica, apesar de funcionar muito bem na obesidade,
ela não tem toda essa eficácia em quem tem lipedema. E, aliás, isso é também um dos critérios para o diagnóstico do lipedema. Então,
pessoas que tentaram emagrecer, emagrece o tronco, mas não emagrece as pernas, ou seja,
estava obesa também, fez dieta e exercício, perdeu a obesidade, mas não consegue perder a gordura nas pernas, que é o lipedema.
Então, essa é até uma característica aí que ajuda no diagnóstico.
Mas, respondendo a sua pergunta,
sim, as estratégias alimentares são diferentes.
Sim, doutor, falando ainda sobre todos esses sintomas e tudo mais, e você falou sobre essa urgência de ter o conhecimento das mulheres, especificamente, ter um conhecimento,
e fazer uma pergunta um pouco mais específica, se o senhor poderia citar os sinais aos quais as mulheres precisam estar atentas para procurar com rapidez alguma ajuda profissional especializada para esse problema, especificamente?
Ok,
então, usando aquele questionário lá, se você acha que tem alguma coisa errada nas suas pernas e não sabe o quê,
é bom procurar.
Mas, eu estou falando brincando, não risada, porque é uma pergunta super subjetiva, mas entram várias questões aí.
Então, são pessoas que já passaram em vários médicos, muitas vezes têm essa queixa e não conseguiram resolver a queixa. Fizeram vários tratamentos, tratamentos muitas vezes estéticos, já tentaram
não ter muito viés,
mas fez um monte de coisa e não deu certo, tentou emagrecer as pernas, não conseguiu.
Quem tem essa dificuldade, tem dor, tem sensibilidade ao toque, tem esses ruchos que aparecem e muitas vezes são chamados de fragilidade capilar,
devem sim procurar ajuda especializada.
Acho que antes mesmo de procurar ajuda especializada é se integrar do assunto.
Hoje em dia tem a Associação Brasileira de Lipedema, que é uma associação sem fins lucrativos. O site é www.lipedema.org.br e que tem informações úteis e que ajudam essas pessoas. Então,
a primeira fase é a pessoa se depara com essa informação.
Como não é muito falado, a gente está falando aqui numa rádio, eu tenho certeza que várias ouvintes vão falar, nossa, ele deve estar falando comigo,
e o que eu faço agora? O que faz agora? Começa a ler sobre o assunto,
é a primeira coisa,
e aí depois você já vai encontrar um monte de coisa que pode ser feita, que eu já comentei aqui, de dieta, exercício,
e já começa a fazer, mas vai em busca de ajuda especializada, que tem muito que a gente pode melhorar também.
Doutor, eu li que algumas pacientes, muitas vezes, que têm lipedema, elas apresentam pés gelados.
Isso é verdade? Isso é comum?
Pode acontecer, os pés gelados, parte da perna gelada,
normalmente isso está associado com um hipotiroidismo, ou com hipotiroidismo às vezes subclínico também.
Tem várias razões para isso acontecer, entre elas até o hipotiroidismo desencadeado pela intolerância alimentar,
que está associado ao lipedema, não é necessariamente o lipedema direto que faz a perna ficar gelada,
mas é sim muito frequente.
E tem alguma coisa que eu desculpe? Uma coisa interessante que eu deixei de falar, é que há uma,
a doença poupa os pés e as mãos, então,
tem o tornozelo largo, tem a coxa larga, mas os pés são normais,
a não ser na fase mais avançada da doença, onde já tem o lipedema associado.
E tem alguma relação, os pés gelados, tem alguma relação com pressão baixa, não? Não tem nada a ver?
Não, com a pressão baixa, não. Isso é interessante, eu fiz uma pesquisa recente e mostrou uma associação que não tinha aparecido no restante do mundo do lipedema,
que seria até com a pressão alta,
mas assim, isso é muito embrionário ainda para bater o martelo de que isso tem alguma relação significativa.
E o lipedema, ele pode ocasionar algum tipo de trombose?
Não, não, essa é uma pergunta super frequente, mas eu vou falar o porquê também que desencadeou essa dúvida.
Por causa da vacinação para o COVID, por causa do COVID, o COVID é uma doença inflamatória e a vacinação ou qualquer medicamento, qualquer coisa que se faça que seja uma agressão ao nosso corpo vai desencadear um processo inflamatório.
E o lipedema, ele piora com processos inflamatórios. Então,
muitas vezes, as pessoas têm o COVID
e desencadeia toda a sensação de dor, piso,
a deposição de gordura, tudo nas pernas, mas por causa da inflamação,
não por causa da trombose. Aí vem o medo da trombose.
Mas assim, a inflamação a gente trata, isso não é para deixar de tomar vacina, pelo amor de Deus, por causa disso. As pessoas ficam com medo, acabam ficando com medo, acabam não tomando a vacina, exatamente por isso mesmo. Eu escutei já várias pessoas falando isso mesmo.
Estavam com medo de ficar com trombose. Mas assim,
até falando de trombose, porque eu sou cirurgião vascular, eu posso falar de trombose também,
não adendo aí, não ao lipedema, né? O risco de trombose da vacina é extremamente baixo, o risco de trombose da doença é alto. Então, não faz sentido, né? A gente evitar algo que vai fazer bem e evitar um… Mas vamos voltar ao assunto lipedema. Não, imagina,
ajudar.
Existe algum tratamento natural para as pessoas, doutor? Algum tratamento que elas poderiam estar fazendo?
Então, eu considero a dieta e o exercício um tratamento natural, né?
A alimentação correta, o exercício correto, não deixa de ser natural.
Existem suplementos que podem ajudar também, principalmente os suplementos que diminuem a inflamação,
mas aí eu prefiro não falar, porque senão as pessoas vão sair tomando sem critério. Com certeza.
Melhor avaliação médica. Brasileira adora isso.
É.
Doutor,
as pessoas que têm lipedema, elas podem trabalhar normalmente em qualquer emprego?
Pode, trabalhar pode. Pode ter alguma dificuldade com relação ao uso de botas, por exemplo.
Uma queixa muito frequente das mulheres com lipedema é que não conseguem usar botas, né?
Botas, assim, para uso social,
mas isso também serve para botas de uso laboral, né?
Então, deve causar uma certa dificuldade,
mas poder trabalhar pode, nada impede. Agora,
existem gatilhos inflamatórios que podem estar no próprio trabalho, né?
Então, o que eu vejo muito frequente são pessoas extremamente estressadas por causa do trabalho.
E aí, o que a gente vai fazer, né? Eu vou proibir de trabalhar? Não posso fazer isso. Não dá, né? Com estresse a gente tem… Ou a gente consegue mudar o meio externo, né? Às vezes a gente consegue. Ah, é uma pessoa que me deixa estressado. Se afasta dessa pessoa, pelo amor de Deus.
Exato.
Exato.
E a gente tem que trabalhar dentro da gente.
Como que a gente vai lidar com esse estresse?
São questões, assim, nuâncias do mesmo problema.
Doutor, o senhor já presenciou alguma pessoa que foi diagnosticada com essa doença?
Após o diagnóstico da doença, ela ficou aliviada ou elas costumam ficar mais depressivas porque descobrem a doença?
Puxa, essa pergunta é muito legal.
Muito legal.
O mais frequente…
Segundo, tem nome isso que eu sinto.
Terceiro,
não foi culpa minha.
Porque são pessoas que passaram a vida ouvindo… Olha, a obesidade é culpa sua. Você que come escondido. Você que está fazendo errado. Você que não está fazendo exercício. Muitas vezes elas fizeram tudo isso. Fizeram a dieta certinho,
só não deu certo.
E aí,
isso se chama viés anti-obesidade.
Hoje tem um nome bonitinho, que é a gordofobia. Mas esse viés anti-obesidade acaba transferindo para o paciente a culpa.
Então a culpa é sua. A culpa é você que fez errado. Só que, na verdade, a culpa é de quem não diagnosticou a doença.
De quem não passou o tratamento correto. Então a grande maioria das mulheres tem uma sensação de alívio na hora. Muitas vezes só a informação do diagnóstico já é o suficiente para elas relaxarem.
Nossa, não foi culpa minha.
Elas aproveitam ao máximo essa sensação do não foi culpa minha
para depois passar para uma outra fase, que é bem interessante, que é a fase da aceitação. Na fase da aceitação,
ok, eu entendo que é um problema no meu corpo e que eu sou responsável por ele. Não é culpa minha, mas agora que eu tenho informação, agora eu tenho a responsabilidade.
Agora eu vou ter que fazer as coisas certas para ter um resultado.
E aí elas vão em busca da melhora. E é muito… Eu fico muito satisfeito de ver essa melhora, essa mudança da chavinha lá no cérebro,
na percepção da mulher pelo próprio corpo. É muito legal mesmo.
Sim, interessantíssimo esse assunto. E alguém que se interessou para poder estudá -lo e nos ajudar aí. Ajudar todas as mulheres que têm essa dificuldade, a pouca porcentagem de homens também. Mas que resolve nos ajudar aí, dar uma solução para os problemas, para esse tipo de problema das pernas, esse mistério das pernas aí que as mulheres têm. Mistério das pernas é boa, vou usar esse termo.
É verdade, doutor. Fiquei muito feliz mesmo com a sua entrevista.
Isso é de grande valor para nós. Sem dúvidas. Doutor, até falando nesse assunto, até para ter mais conhecimento, onde as pessoas podem encontrar o senhor? Quais suas redes sociais? Onde posso acompanhar um pouco mais sobre o seu trabalho também?
Eu estou no Instagram,
é arroba.dr.alexandreamato. E no YouTube, tem o nosso canal do YouTube que é o Instituto Amato.
Eu falo bastante, tenho uma playlist enorme de lipedema lá, para quem se identificou com o problema e quiser começar a se aprofundar no assunto. Eu falo bastante nessas duas mídias sociais.
Ótimo, maravilhoso.
Doutor, muito obrigada pela entrevista de hoje e eu espero que o senhor venha mais vezes.
Eu que agradeço pelo convite.
Muito obrigada.
Nós vamos chegando ao final do nosso programa já. Dois minutinhos, né, Judá?
Obrigado, Judá, por essa manhã. Obrigado por hoje. Muito obrigado, doutor. Muito obrigado, Raquel. E muito obrigado a todos os nossos ouvintes que nos acompanharam numa…