No dia 3 de fevereiro de 2025, o Research Roundtable reuniu ao vivo a Dra. Karen Herbst e o Dr. Alexandre Amato (MD, PhD, MBA) para um bate-papo profundo sobre um dos maiores desafios no manejo do lipedema: a inflamação. Confira os destaques desta conversa e saiba como aplicar essas descobertas na prática clínica e no seu dia a dia!
1. “Não podemos continuar jogando gasolina no fogo”
“We can’t keep throwing gasoline on the fire”
– Dr. Alexandre Amato
O Dr. Amato comparou a inflamação ao fogo: se continuamos a alimentar o “fogo” com fatores desencadeantes, nunca conseguiremos controlá-lo. O lipedema funciona como uma “luz vermelha piscando” no painel do carro, indicando que algo no organismo está fora de equilíbrio.
2. Principais gatilhos de inflamação em lipedema
- Sensibilidades alimentares e leaky gut (intestino permeável)
- Alterações hormonais
- Varizes e disfunções venosas
- Privação de sono, estresse e traumas
- Exercício em excesso ou sedentarismo
- Obesidade e processos infecciosos
- Síndromes alérgicas (mastocitose), doenças autoimunes
Identificar quais desses fatores são relevantes para cada paciente é fundamental para interromper o ciclo inflamatório.
3. Abordagem conservadora x cirurgia
- Menos de 10% dos pacientes do Dr. Amato escolhem lipoaspiração como primeira opção.
- Tratamentos conservadores (dieta, suplementos, exercícios orientados, compressão pneumática) costumam trazer melhores resultados e menor risco do que a cirurgia isolada.
- O tecido lipedematoso age como um “escudo protetor”, evitando que a inflamação se espalhe para órgãos vitais. Ainda não há estudos concretos sobre o que ocorre após a remoção completa dessas reservas de gordura.
4. Dietas e planos de eliminação
- Elimination Diet: retirar por 1–2 semanas alimentos suspeitos (glúten, laticínios, oleaginosas etc.) e reintroduzi-los gradualmente, avaliando sintomas.
- Dieta anti-inflamatória personalizada (mediterrânea, low-histamine, cetogênica etc.), sempre com acompanhamento clínico e nutricional.
5. GLP-1 agonistas e inflamação
- Agonistas de GLP-1 (ex.: semaglutida) podem auxiliar na redução de peso e têm efeitos indiretos anti-inflamatórios.
- Importante: pacientes que iniciam GLP-1 sem controlar antes a inflamação muitas vezes não respondem bem ao medicamento.
6. Monitoramento e testes
- Avaliação clínica baseada em questionários de sintomas (dor, edema, petéquias).
- Testes de IgG para intolerâncias e marcadores indiretos de leaky gut (zonulina, calprotectina fecal).
- Laboratoriais: PCR, ferritina, homocisteína, entre outros, lembrando que não há um marcador “padrão-ouro” para inflamação crônica no lipedema.