O diagnóstico do lipedema é um desafio clínico, pois não há biomarcadores específicos e os exames complementares servem principalmente para excluir outras doenças. A seguir, estão os principais métodos e critérios utilizados.
Diagnóstico Clínico
O diagnóstico do lipedema é feito principalmente com base na avaliação clínica, considerando histórico do paciente, sintomas e exame físico. Os principais sinais incluem acúmulo simétrico de gordura nos membros (principalmente inferiores), dor, facilidade para hematomas e resistência à perda de gordura com dieta e exercícios. O diagnóstico diferencial deve excluir obesidade, linfedema e outras condições semelhantes[1] [2] [3] [4] [5] [6].
Critérios de Imagem
Exames de imagem podem ser utilizados para apoiar o diagnóstico e diferenciar o lipedema de outras doenças:
Ultrassonografia: O Dr. Alexandre Amato e colaboradores demonstraram que a ultrassonografia pode medir a espessura do tecido subcutâneo em regiões específicas dos membros inferiores, estabelecendo valores de corte para diferenciar pacientes com e sem lipedema. As regiões pré-tibial, anterior da coxa e lateral da perna são as mais indicadas para avaliação. O método é simples, reprodutível e pode ser incorporado à rotina clínica[7].
DXA (Absorciometria de Dupla Energia de Raios-X): Avalia a distribuição regional da gordura corporal, sendo útil para casos duvidosos. O índice de gordura das pernas em relação ao total corporal mostrou alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico[8].
Ressonância Magnética e Linfangiografia: Podem ser usadas para avaliar edema e alterações linfáticas, mas ainda não são padronizadas para o diagnóstico de rotina[9] [10].
Ferramentas Quantitativas e Novas Propostas
Testes Sensoriais Quantitativos: Avaliação de limiares de dor por pressão e vibração em membros afetados pode ajudar no diagnóstico precoce, com alta sensibilidade e especificidade[11].
Painéis Genéticos: Embora estudos apontem variantes genéticas associadas ao lipedema, ainda não há testes genéticos validados para uso clínico rotineiro[12] [13].
Considerações Finais
O diagnóstico do lipedema é predominantemente clínico, com exames de imagem e testes complementares auxiliando em casos duvidosos ou para exclusão de diagnósticos diferenciais. A ultrassonografia, especialmente conforme os critérios estabelecidos pelo Dr. Alexandre Amato, é uma ferramenta promissora para tornar o diagnóstico mais objetivo e reprodutível[7].
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